Primeiras impressões Jeep Commander 2022: o próximo domínio
Com Renegade e Compass, a Jeep criou um domínio no segmento de SUVs quase completo em nosso mercado. Com o Commander, chegou a hora de testar esta mesma receita em um segmento superior, dos SUVs de 7 lugares, incluindo modelos de monobloco e os tradicionais Chevrolet Trailblazer e Toyota SW4, em chassi-carroceria.
Como o Compass, o Commander apostará nas motorizações 1.3 turbo e 2.0 turbodiesel para aumentar suas chances de fisgar o comprador, mas se inspira nos modelos premium ao oferecer apenas 2 versões, sem opcionais - nem mesmo a cor da carroceria, seja metálica ou perolizada, ou do interior, terão cobranças extras.
O que é?
Em diversos flagras feitos durante seu desenvolvimento, era fácil confundir o Commander com o Compass camuflado e, segundo fonte da marca, foi algo proposital. Com o tempo, o SUV de 7 lugares ganhou uma identidade própria e mostrava que não seria um Grand Compass, o que ele conhecemos por completo agora sem qualquer disfarce.
Sua plataforma é a mesma dos demais modelos produzidos em Goiana (PE), a Small Wide, que obviamente mudou para acomodar 7 ocupantes. Desenvolvido em nossa região, o Commander pega do Grand Cherokee a forma como os bancos da terceira fileira são guardados e como a segunda fileira se movimenta, mas basicamente todo o serviço foi feito por engenheiros brasileiros em Minas Gerais e Pernambuco.
Comparado com o Compass, o Commander tem 4.769 mm de comprimento (365 mm a mais), 1.859 mm de largura da carroceria (40 mm extras) e 2.794 mm de entre-eixos (158 mm). As bitolas dianteiras e traseira também crescem. No porta-malas, com os bancos da terceira fileira guardados, são 661 litros versus os 476 litros do irmão menor - caso queira os 7 ocupantes, são 233 litros.
Em conversa com a equipe de desenvolvimento, o Commander conseguiu crescer em comparação com o Compass sem ganhar peso na mesma proporção. Mais moderno, já atualiza alguns pontos e, na versão Overland diesel, é 143 kg mais pesado que o Compass Limited com o mesmo motor. É menos do que o esperado pelo seu tamanho e sabendo o peso de seus irmãos de base. Apesar de ainda não ter passado pelo Latin NCAP, o Commander foi testado e atende diversas normas de impactos, segundo a Jeep.
Visualmente, o Commander tem os elementos que conhecemos do Compass, como maçanetas e retrovisores e a folha externa das portas dianteiras, mas o resto é dele. Na dianteira, um capô mais baixo e arredondado, faróis mais finos e com uma pestana, luz diurna inferior, toda a iluminação em LEDs, logos com acabamento exclusivo e, na traseira, clara inspiração no Grand Cherokee, com as lanternas finas e que atravessam a tampa com uma peça em alumínio.
E o Commander tem duas opções de motores. O 1.3 turbo é o mesmo do Compass, com o mesmo câmbio automático de 6 marchas (inclusive a relação) e tração dianteira. Já o 2.0 turbodiesel passa por algumas mudanças, como novo turbo, nova programação, novo volante do motor, novo conversor de torque do câmbio de 9 marchas e tratamento de poluentes pelo Proconve 7, usando Arla 32. Manteve os 170 cv, mas ganhou 1 kgfm de torque (38,7 kgfm) e mais dessa força em baixas rotações.
Como anda?
Se o Compass impressiona pelo interior, o Commander dá um pequeno passo acima. Temos muitos elementos em comum entre eles, mas é perceptível que o Commander é um pouco mais largo. Seja na versão Limited ou Overland, há o painel de instrumentos totalmente digital, sistema multimídia de 10" elevado, volante em couro e um nível de acabamento muito bom, apostando ainda em materiais e cores como o bronze e marrom - é possível escolher entre couro preto, cinza claro e marrom.
Com o entre-eixos maior, temos um aumento considerável no espaço no banco traseiro. Na comparação com o médio, tem bancos maiores e mais confortáveis, comando de intensidade do ar-condicionado traseiro e trilhos, onde a segunda fileira corre. A Jeep diz que adultos de 1,90 m ficam bem acomodados nas 2 primeiras fileiras, enquanto pessoas de até 1,80 m podem viajar na última, mas o espaço é bem limitado, como acontece em qualquer concorrente do segmento. Quem for lá, terá conforto "ok", suficiente para trajetos curtos e rápidos.
Olhando essas dimensões do Commander, rolou uma séria dúvida sobre como ele andará. O Compass com o 1.3 turbo é bom, mas este motor daria conta de um carro maior? E o turbodiesel, com menos de 200 cv, seria bom como nos outros Jeep, mesmo com o aumento de torque? A Jeep aceitou o desafio e nos levou para um - curioso - test drive noturno no Circuito dos Cristais, um autódromo que particularmente estava bem curioso para conhecer, em Curvelo (MG).
Comecei pelo fora-de-estrada, em um trajeto usado pela engenharia para alguns testes - a pista particular é o novo campo de provas da Stellantis na região. O escolhido foi o Commander Limited com o 2.0 turbodiesel, que deu a oportunidade de ver que a posição de dirigir e posicionamento de comandos são os mesmos do novo Compass, algo bem positivo. Na saída, apareceu a conhecida suavidade de resposta do conjunto formado pelo 2.0 turbodiesel e o câmbio automático de 9 marchas. Até aqui, o tamanho extra conversou com o torque extra.
No trecho que simulava uma estrada de terra leve, a suspensão mostrou conforto e o balanço da carroceria. Nesta versão, as rodas são de 18" com pneus 235/55, o que ajudou. A direção tem a calibração semelhante ao Compass, leve para manobras em baixas velocidades, mas a Jeep melhorou o ângulo de esterço, afinal o Commander é grande. Até aqui, o SUV enfrentou o que a maioria de seus compradores fará: ir ao sítio.
Galeria: Jeep Commander 2022 - Brasil
O desafio aumentou. Buracos, descidas com o assistente de descida, caixas de ovos mostrando a robustez da plataforma e suspensão...até uma escada ele subiu como se nada tivesse acontecido, com força, sistema de tração distribuindo a força e o câmbio de 9 marchas administrando isso e respondendo ao 2.0 turbodiesel. É um Jeep.
Mas o que eu mais queria era o asfalto. Escolhi o Commander Overland 1.3 turbo e vi aquela pista toda iluminada, parecendo um programa japonês de desafios noturnos. Pé embaixo e o 1.3 turbo leva bem o Commander, mesmo mais pesado. A impressão é que ele não terá o mesmo desempenho nem consumo do Compass (algo que iremos comprovar em um teste em breve), principalmente na cidade e arrancadas, mas não passará "vontade" na estrada e retomadas.
O Commander ganha velocidade rápido. Se o balanço traseiro extra e o entre-eixos mais longo me deu uma impressão que ele seria ruim naquelas curvas fechadas, logo ele deixou para trás. A carroceria dobra, mas menos que o esperado para um SUV desse tamanho e a traseira, que era meu maior medo, seguiu no lugar desejado sem tentar ultrapassar a dianteira. Duas, três voltas...os freios seguram bem o Commander, que recebeu discos maiores na traseira quando comparamos com o Compass. A dinâmica é boa, como conhecemos dos outros irmãos de plataforma, mesmo com o "bumbum" extra. Na cidade? Veremos também em breve, mas promete ser bom como o...Compass.
Quanto custa?
A Jeep coloca o Commander como concorrente de todo SUV de 7 lugares. Parte do Caoa Chery Tiggo 8, mais barato, e chega aos SUVs derivados de picapes, com motorizações turbodiesel. Seu foco mesmo ficará em VW Tiguan AllSpace e Mitsubishi Outlander, porém há também um pouco de atenção com os premium menores, como o Mercedes-Benz GLB.
Diferente de Compass e Renegade, o Commander não terá opcionais. Já começa pelo Limited com um bom pacote de equipamentos, que inclui painel de instrumentos digital, sistema multimídia com o Adventure Intelligence e os sistemas de assistência ao motorista, como alerta de ponto-cego, piloto automático adaptativo, assistente de faixa e frenagem automática, assim como assistente de estacionamento automático.
O Overland recebe teto-solar panorâmico, rodas de 19", pintura em toda a carroceria e outros detalhes em acabamento. Ambos podem ter tanto o motor 1.3 turbo quanto o 2.0 turbodiesel com sistema de tração integral automática. Colocamos aqui abaixo o link para os preços e lista de equipamentos completa de cada versão, mas os valores vão de R$ 199.990 a R$ 279.990.
Por: Leo Fortunatti